Nepenthes-cena curta 2012
Que relação há entre imagem e tempo no espaço cênico? Como uma imagem pode se amplificar no tempo? Seria a fala neste espaço cênico mero discurso, ou estaria ela dotada de um potencial imagético? Estas são algumas das questões que conduziram o Projeto Antrópicos à criação do monólogo experimental de curta duração “Nepenthes”.
Num primeiro momento, a personagem do monólogo Nepenthes, cujo nome e vida são propositalmente desconhecidos, hesita entre o movimento e a imobilidade. O silêncio, praticamente ininterrupto, quebrado apenas por duas pequenas falas, é determinante para estabelecer o ar misterioso e enigmático entre público e personagem.
Em um segundo momento a personagem se apropria de um discurso científico- literário sobre duas famílias de plantas – as Orquídeas e as Nepenthes, e articula através de poucas falas uma dissolução da distinção clássica entre “Natureza Humana” e “Natureza Selvagem”. Uma percepção única de Natureza singularizada pelo caos e a violência é sutilmente apresentada ao público desmistificando a visão comum de que esta seria regida por forças harmônicas.
De estrutura performativa, o monólogo Nepenthes é inspirado no documentário “Reino das Plantas” da BBC, e no prefácio do livro “A Genealogia da Moral” de Friedrich Nietzsche. Nepenthes é uma família de planta carnívora que se alimenta de insetos, pássaros e ratos, e não só dá nome ao monólogo, como cartografa, para além de uma metáfora, o enredo desta cena que questiona o valor moral de “bem e mal” que acompanha a trajetória dos Homens.
Nepenthes foi premiada como Melhor Cena no 1º Festival de Pequenas Cenas - PEC 10' - que aconteceu dia 9 de novembro de 2013, em Araraquara.